segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Árvores do Alentejo - Poema -




Horas mortas... Curvada aos pés do Monte

A planície é um brasido e, torturadas,

As árvores sangrentas, revoltadas,

Gritam a Deus a benção duma fonte!



E quando, manhã alta, o sol posponte

A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,

Esfíngicas, recortam desgrenhadas

Os trágicos perfis no horizonte!



Árvores! Corações, almas que choram,

Almas iguais à minha, almas que imploram

Em vão remédio para tanta mágoa!



Árvores! Não choreis!

Olhai e vede:--- Também ando a gritar, morta de sede,

Pedindo a Deus a minha gota de água!



Florbela Espanca


Nela

1 comentário:

  1. Gosto muito da Florbela Espanca!
    Este poema é muito do meu agrado, e, curioso, que eu não o conhecia...

    Às árvores - todos os poemas são lindos, verdes e sequiosos de água - são
    os bens mais preciosos que temos - a água e as árvores - !

    Nela

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