quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Os amigos?



OS AMIGOS


Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei.


Vaidades que eu sentia!


Supus que sobre a terra não havia


Mais ditoso mortal entre os mortais.


Amigos cento e dez, tão serviçais,


Tão zelosos das leis da cortesia,


Que eu, já farto de os ver, me escapulia


Às suas curvaturas vertebrais.


Um dia adoeci profundamente.


Ceguei.


Dos cento e dez, houve um somente


Que não desfez os laços quase rotos. –


Que vamos nós (diziam) lá fazer?


Se ele está cego, não nos pode ver…


Que cento e nove impávidos marotos!




Um poema de Camilo Castelo Branco


Bem verdadeiro este poema de Camilo.

Nela

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