Na gota pequenina de orvalho está toda a imensidão e belrza do universo. lindo.
Obrigada Eduardo por sentires o mesmo que eu.É na pequenez da nossa humildade que nos tornamos grandes no amor.Abraço amigo,Nela
Queixa das almas jovens censuradas«Dão-nos um lírio e um canivetee uma alma para ir à escolamais um letreiro que prometeraízes, hastes e corolaDão-nos um mapa imaginárioque tem a forma de uma cidademais um relógio e um calendárioonde não vem a nossa idadeDão-nos a honra de manequimpara dar corda à nossa ausência.Dão-nos um prémio de ser assimsem pecado e sem inocênciaDão-nos um barco e um chapéupara tirarmos o retratoDão-nos bilhetes para o céulevado à cena num teatroPenteiam-nos os crâneos ermoscom as cabeleiras das avóspara jamais nos parecermosconnosco quando estamos sósDão-nos um bolo que é a históriada nossa historia sem enredoe não nos soa na memóriaoutra palavra que o medoTemos fantasmas tão educadosque adormecemos no seu ombrosomos vazios despovoadosde personagens de assombroDão-nos a capa do evangelhoe um pacote de tabacodão-nos um pente e um espelhopra pentearmos um macacoDão-nos um cravo preso à cabeçae uma cabeça presa à cinturapara que o corpo não pareçaa forma da alma que o procuraDão-nos um esquife feito de ferrocom embutidos de diamantepara organizar já o enterrodo nosso corpo mais adianteDão-nos um nome e um jornalum avião e um violinomas não nos dão o animalque espeta os cornos no destinoDão-nos marujos de papelãocom carimbo no passaportepor isso a nossa dimensãonão é a vida, nem é a morte» (Natália Correia, in "O Nosso Amargo Cancioneiro")Até sempre.....BeijoPaulo
Na gota pequenina de orvalho está toda a imensidão e belrza do universo. lindo.
ResponderEliminarObrigada Eduardo por sentires o mesmo que eu.
ResponderEliminarÉ na pequenez da nossa humildade que nos tornamos grandes no amor.
Abraço amigo,
Nela
Queixa das almas jovens censuradas
ResponderEliminar«Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola
Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade
Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência
Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro
Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós
Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo
Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro
Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura
Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante
Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte»
(Natália Correia, in "O Nosso Amargo Cancioneiro")
Até sempre.....
Beijo
Paulo