Poema do poeta português Augusto Ferreira Gomes (o melhor amigo de Fernando Pessoa) que se exprime assim:
Ao nocturno passado - fé crescente -
erguendo olhos em sombras abismados,
e fechando-os de novo marejados
pelo sinal da névoa ainda ausente,
todos sentem que a alma, em vão dormente,
cisma com horizontes dilatados;
e vivem a verdade de esperados domínios.
E assim, abstratamente, se constrói um Império ao pé do Mar,
- sentido universal de um só altar -
fundindo-se no céu imenso e aberto...
Gentes! Esperai que Deus, com sua mão,
desfaça para sempre a cerração
que envolve há tanto tempo o Encoberto...
Quando dado o sinal, o Império for
e quando o Ocidente ressurgir,
no momento marcado hão de tinir
pelos ares as trombetas do Senhor.
E haverá pelos céus, só paz e amor.
Um só Cálix de Ouro há de fulgir,
uma só cruz na Terra há de existir,
sem inspirar receio nem temor...
Será a hora estranha da Verdade.
E morta a pompa do pagão sentido,
surgirá, então a Outra Idade.
Acabará este viver incerto.
Será o Império único e unido
Quando der sinal o Encoberto!
E o "V Império" surgirá na Terra, sob o Alvorecer duma Nova Era!
Rui Palmela
Nela
Sem comentários:
Enviar um comentário